Foi com grande prazer que aceitei o
 convite das professoras Aline Santana Lôbo e Ana Caroline Lôbo para 
participar de uma palestra em Pirenópolis, Goiás. Elas são do corpo 
docente do Colégio Estadual Comendador Christovam de Oliveira, nome 
pomposo demais e que o pirenopolino preferiu atalhar com um apelido: 
Ginásio. A interessante iniciativa do projeto visa a troca de 
experiência entre ex e atuais alunos.
Sim, fui aluno do Ginásio, onde cursei o primeiro e o segundo grau (hoje ensino fundamental). Aliás, sempre estudei nas escolas públicas de Pirenópolis, e tive excelentes professores que não nomearei por medo de injustiças. O “jardim da infância” fiz no antigo Colégio das Freiras (hoje Aldeia da Paz), era um preparativo para o primeiro ano, que iniciei no Santo Agostinho, educandário sediado no extinto salão paroquial, na praça Central. Depois fui para o Comendador Joaquim Alves de Oliveira, na mesma praça e em frente da minha casa. Em seguida ingressei no primeiro grau e depois no segundo, ambos no Ginásio.
Esta semana, quando cheguei ao colégio, fui surpreendido pela presença de dezenas de alunos sentados no amplo salão, todos à espera dos palestrantes. Também participaram a jornalista Karla Jaime Moraes e três ex-alunos que se formaram recentemente.
Na
 minha vez de falar, notei que as perguntas se concentravam na formação 
que possuo em Direito e na literatura. Descobri, no bate-papo informal 
que se transformou a palestra, que eles estavam na fase dos testes 
vocacionais. A esmagadora maioria queria seguir a carreira jurídica, 
alguns poucos desejavam profissões na saúde, e nenhum professor. O 
magistério estava em baixa entre aqueles jovens com olhar no horizonte 
da vida.
Hoje o Ginásio é um colégio com razoável estrutura e impressionante acervo de livros, talvez o maior de Pirenópolis. Mas na minha época funcionava improvisado e com pouco dinheiro. Minha sala de aula era na apertada, quase minúscula biblioteca. Por volta de quarenta alunos comprimidos entre estantes de livros malcheirosos e descuidados.
Era
 o curso que formava técnicos em Contabilidade. Feito à noite. E muitos 
ali estudavam só para ter um diploma, sem interesse algum nas matérias. 
Essa realidade levou a direção da época a liberar a portaria: o aluno 
respondia chamada e ia para um boteco ou para casa. 
Surpreendi-me
 também com o fato de os alunos me sabatinarem sobre meus livros. Eles 
leram as obras e faziam perguntas bastante pertinentes. Queriam 
conselhos de como começar a escrever e eu respondi que a leitura é a mãe
 da escrita. Uma aluna especial me perguntou se eu sou feliz. Muito bom.
A
 troca de experiências foi enriquecedora para todos os envolvidos. 
Nasceu uma simpatia mútua entre nós e adicionei muitos em minha página 
no Facebook como amigos. Levei alguns livros que foram sorteados e eu os
 autografei para os sortudos.
 
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