A criação universal


 Corpos suados e imaculados
Que se penetram na carne
E depois se conectam
Com a mais sublime
Amplitude universal,
Algo assim transcendental,
Que vai além do imaginário.

O Universo então os presenteia
Desce sobre eles grande paz,
Amplidão divina que faz
A alma deixar momentaneamente
O corpo carnal para o espiritual
A mente racional para o lúdico
Numa viagem sensacional!

E quando finalmente retornam
Um orgasmo arrebatador
Derrama prazer pela áurea
Que os envolve e devolve
A plenitude da alegria de viver,
Da satisfação de reviver
O dia da criação universal!

Adriano Curado


Jardim de Beijos


No jardim de 

seus lábios

 encontro a flor 

saborosa da paixão 

que alimenta 

meu ser, 

sabor de menta, 

calor de pimenta, 

sensação de 

se saciar. 

Adriano Curado

 

 

Não seja intolerante


 

Se as pessoas cuidassem mais da própria vida não haveria racismo ou qualquer tipo de discriminação ou intolerância Que bobagem essa de querer padronizar gente. Cada um segue a própria vida e arca com as consequências dos atos ou colhe o bons frutos de suas conquistas. Imagina se alguém será bom ou mau por conta da cor da pele, tipo físico ou opção sexual! Isso é um absurdo tremendo.

Vamos seguir adiante com nossa vida e deixar a alheia para lá!

Adriano Curado

As candeias


Vou me manifestar como poeta e fazer constar meu protesto nos anais da inspiração. Não deveriam trocar a cor dos vidros das candeias. A coloração branca é fria, insossa, insípida e vazia de conteúdo. Já o dourado é romântico e sedutor qual a musa das noites lascívias que inspiram os menestréis madrugadas afora. Por tudo isso suplica o poeta combalido para que não privem as calçadas pirenopolinas do ouro desmaiado que exala da luz dourada de outros tempos. Façam isso e ele se dispõe a catar voluntariamente os cacos de poesia que se espalharem pelo chão.

Adriano Curado

O velho fogão




Saudades do fogão velho da roça, de cimento queimado e encerado de vermelho, capaz de compor poesia em forma de alimento. Ali tem a comidinha caseira feita na banha de porco e temperada com especiarias perfumadas! Ali o feijão borbulha noite inteirinha no caldeirão de ferro do rabo sapecado, e nem bem despontou a aurora já tem caldo encorpado atiçando o apetite. Ó gente, diminui o braseiro senão a carne de lata desmancha e colore o arroz da sinhá.

No forno do fogão a lenha já está assada a broa de milho, e enquanto o café escalda no coador de pano, já tem meninada em volta da mesa, cotovelos na toalha xadrez e olhares de infância feliz.

No rabo desse velho fogão, já se sentaram muitas gerações de prosadores, conversa que fluía macia, a lembrança acordada pela aguardente do engenho logo ali à frente.

O papiloscopista medroso


Tem certas profissões que não combinam com algumas pessoas. E no caso de Wagner, não foi por falta de avisar. Desde criança ele sempre se mostrou muito nervoso e assombrado. Diziam seus pais que ele acordava com gritos pavorosos por conta dos sonhos que tinha.

Mas, enfim...!

Wagner, depois de muito estudar, conseguiu ser aprovado num concurso para papiloscopista da polícia técnico-científica. Uma grande conquista a estabilidade na carreira pública e o fim de longas maratonas como concurseiro. Só tinha um porém: ele continuava apavorado!