Palavras ao vento

Só me sinto bem quando escrevo. Se por uma questão qualquer me impedem de escrever, então adoeço. Se perdurar muito tempo esse estado, morro. E isso porque a escrita é minha fonte de vida, meu tônico revitalizador, minha essência mais rara.

Não me importo de publicar o que escrevo. Se tenho leitores ou não, pouca diferença faz porque o que interessa é escrever. Sempre. Eu comparo a literatura a um avião de papel, desses que lançamos ao vento e nunca mais o revemos. E quanto mais o avião prossegue, mais as palavras se desprendem e se perdem no infinito. Algum dia, creio eu, quando o escritor já for pó, ela se juntarão novamente e moldarão sua alma para levá-la ao Bibliotecário Mor, o Criador de tudo e de todos.

Não posso reclamar do destino, sou uma pessoa de sorte. Tenho uma bela família e dinheiro suficiente para meus caprichos elementares. Gostaria de ter mais tempo para o ofício de escriba, mas isso eu construo aos poucos. Só não permito é que me sufoquem porque eu preciso de ar para respirar e de luz para clarear minhas retinas.


E que dizer do livro? Ele surge no instante em que o escritor é fertilizado pela inspiração. Então, dá-se a concepção. Começa aí a gestação do livro, e em breve personagens, cenários e enredos vão conhecer a luz. Tolher esse instante mágico é um abordo, um crime contra a mente criadora do intelecto.

Só me sinto alguém de verdade quando escrevo.

Adriano Curado

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