Agora que voltei para
casa e abracei uma vida mais tranquila, vejo quantos amigos já não
estão mais entre nós. Carlos Antônio, Manoel Mesquita, Joãozinho
das Flores, todos eles já morreram para este plano e eu nem soube.
Certamente que estava distraído na correria da cidade grande,
iludido qual a mariposa que se hipnotiza pela luz. Eram meus colegas
de infância e agora são saudade e recordação.
Depois que me mudei de
Goiânia para Pirenópolis, minha vida é outra, e o tempo sobra sem
miséria. Posso caminhar no final da tarde, conversar com pessoas nas
calçadas, trabalhar a pé. E também perguntar pelos amigos antigos,
aqueles que só agora me dou conta da existência. Muita gente está
morta, como disse, porém também reencontrei pessoas que não via há
pelo menos dez anos.
“Por onde você
esteve?” É o que mais me perguntam e o que menos respondo. Não
sei onde estava, aonde fui e nem em que bibocas da vida enfiei o
tempo que vivi. Sorte que ainda posso salva um pouquinho do que
restou. Sinto que meu retorno causa alegria nas pessoas, e
constantemente sou convidado para festas, saraus, apresentações
musicais da banda no coreto da praça, o casamento da filha de algum
conhecido reencontrado.
Está tudo tão calmo,
sereno e nos conformes, que tenho medo de despertar qualquer dia e
descobrir que ainda estou metido na burocracia do cotidiano de uma
metrópole. Bobagem. Agora sou um cidadão pacato numa cidade pequena
e repleta das belezas que meus olhos não viam.
Adriano Curado
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