O trajeto das arapucas


     Um homem resolveu caçar. Então armou arapucas por todo o mato, desde laçadas pequenas para pegar passarinho, ratoeiras, buracos no chão, até grandes estruturas dentadas, capazes de deter um urso. Deixou todas elas prontas para capturar os animais e voltou para casa. No dia seguinte, checou a primeira armadilha e não havia nada, e nem na segunda, na terceira e por aí vai. Ficou tão irritado que deixou tudo ali, sem se preocupar com outras pessoas que porventura pudessem transitar por aquele mato. 

      Como era insensível! 

     O tempo passou e um dia aquele homem decidiu ir à cidade, só que, esquecido do passado, tomou o trajeto das arapucas. E caiu em todas elas. Foi laçado, teve a perna dilacerada, fincaram-lhe setas no corpo e, por fim, desabou no grande buraco que cavara e cobrira de palha. 

      Que tragédia!

      Ensinou-me esse homem uma grande lição. Como sempre nos esquecemos do trajeto das arapucas, então devemos desarmar todas elas, se possível no instante em que são preparadas, pois a maior vítima nossa, somos nós mesmos.


by Adriano César Curado

13 comentários:

disse...

Temos mesmo que temer cair nas arapucas que armamos vida afora, pois sempre somos sós os maiores prejudicados. No mais, o perdão é o melhor remédio contra as vicissitudes da vida. Parabéns, acho que foi a melhor postagem sua até agora.

Anônimo disse...

Sábias palavras, meu caro! E não é verdade?

Beijos. Au revoir :)

PauloValle - Artista Plástico disse...

sensível e verdadeiro.
completando, geralmente somos responsáveis pelas nossas mazelas.
muito bom!

CORAÇÃO QUE PULSA disse...

Muito bom...E fazer estas arapucas passando no VALE DE BACA...fica mais difícil ainda.
Um abraço...fica com DEUS.

Ricardo Baobá disse...

Às vezes não queremos cair na armadilhas que armamos, mas somos seduzidos por elas. Sublime postagem.

Fabiano disse...

Temos muito o que aprender nesta vida. Somos sempre os maiores prejudicados com as trapalhadas que promovemos e com o tempo que perdemos nas entrelinhas do tempo. Você realmente se superou com esta postagem. Quem se der ao trabalho de analisá-la com cuidado verá que traz um forte conteúdo filosófico. O ser humano é sempre tão pequeno e imperfeito!, mas nem sempre é capaz de admitir isso. Até que, um dia, vai para lá dentro do buraco que ele próprio cavou.

alicexavier@bol.com.br disse...

Nossa! Adorei! Trágico, mas realista. É a velha história de quem bebe o próprio veneno, né??
Quero muito agradecer pelo comentário no meu blog. Obrigada mesmo! Prometo pensar na ideia do romance, mas estou tão sem tempo e não sei se conseguiria. Fico feliz por gostar do que escrevo, muito feliz!!! É por isso que continuo escrevendo. Um grande abraço!
Alice Xavier

Marília Felix disse...

Beijos de boa noite, poeta! :)

blog da Paraguassu disse...

Olá amigo,
Adorei seu texto. Traz-nos um exemplo de vida. As armadilhas que construímos no decorrer de nossos dias tornam-se verdadeiras arapucas para nós mesmos.
Portanto, devemos pensar que o que não é bom para os outros, não será para nós também.
Já estou seguindo vc. Se quiser retribuir, conheça meu recanto e, se gostar, siga-me e deixe um comentário para mim. Será um prazer tê-lo por lá.
Um beijo,
Maria Paraguassu.

Idiossincrasia Literária disse...

oi! Passando pra agradecer os comentários que você sempre deixa no meu blog e nunca tive tempo em agradecê-las como deveria.
MUITO OBRIGADA de coração!
Suas palavras me animame me incitam a escrever mais e mais.!
Bom, aproveitando tbm pra dar uma lidinha.
Como disse uma outra leitora sua, Sábias palavras!
Texto que nos faz refletir. Você o findou como um adágio.
bem, eu não sei comentar direito, eu ainda não paguei a disiplina crítica literária.. rsrs. o q eu posso dizer é se eu gostei ou não, e eu gostei. Gostei com base no que eu já li e vivi.
Abraços amigo
e volte sempre!
^^

♪ Sil disse...

Um texto que é um aprendizado.

Adriano, ando sumida mesmo, de tantos blogs queridos.
Mas o tempo (a falta dele) tantas vezes me consome, e por isso me entristece.

Mas o bom é quando dá pra vir, e ler essas coisas tão lindas!

Um abração meu!

Ana Maria Ramos disse...

O ser humano deve escolher as companhias com quem anda, e depois deve arcar com as consequências dessa sua escolha.

Ninguém pode ser forçado a tomar este ou aquele caminho, mas também, um vez escolhido, deve-se seguir nele até que surja um desvio salvador.

Só não podemos é sentar à beira do caminho e aguardar um milagre qualquer.

Parabéns pela lindíssima postagem.

Letícia Soares disse...

Que belo conto!
Digno de reflexão.