O escritor exilado


Este é um refúgio que me impus para conseguir terminar o romance que faz tempo martela em minha mente. Um silêncio sem igual vem com a noite e eu posso escrever em paz. À minha volta transitam personagens e paisagens mesclados com tempos diferentes e enredos improváveis. Tenho cá em minha companhia uma garrafa de Screaming Eagle que é feito da uva francesa cabernet sauvignon de Bordeaux. 

O dedo desliza suave pelas teclas e de olho fechados me recuso a ler o que digito. É quase uma psicografia ou um arremesso de loucura incontida.


Não minto que seja um silêncio absoluto e uma paz imperturbável porque não é. Tem a orquestra do mar com mil instrumentos a tagarelar lá embaixo. E tenho que falar também desse luar invasivo que não respeita a privacidade. Nem tudo é perfeito no paraíso. 

Mas apesar dos pesares, o escritor tem que continuar a trabalhar, dar vida a personagens em muitas histórias pelas páginas em branco. Então, saúde. Ao sabor deste maravilhoso vinho.

Adriano Curado





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