Antes de
Oliver Hirschbiegel e Roland Emmerich, a Alemanha já teve um
cineasta conhecido como o "Walt Disney alemão". O trabalho
desse profissional do entretenimento é conhecido até hoje e foi
marcante para a história do país. Só que, ao contrário do que
pode parecer, o talento desse animador não foi usado para fins
nobres - muito pelo contrário.
Hans
Fischerkoesen nasceu em 1896 e começou sua carreira trabalhando como
operador de rádio na Primeira Guerra Mundial. Com o fim da guerra,
ele passou a se dedicar à produção de comerciais em vídeo. Suas
peças publicitárias sempre tinham alguma pequena história, o que
encantava os espectadores e os empresários, que comemoravam as
vendas dos produtos.
Com o
começo da Segunda Guerra, muitos dos artefatos que Hans vendia em
seus comerciais se tornaram artigos de luxo, o que representou uma
aparente decadência em sua carreira. E foi nesse momento que seu
trabalho tomou rumos diferentes.
Um dos
espectadores mais fiéis dos comerciais de Hans era Joseph Goebbels,
Ministro de Propaganda do governo nazista. Ele sabia que Hitler
queria produzir filmes educativos nos estilo das animações de Walt
Disney, e contratou Hans para fazer esses filmes, passando a
ideologia do nazismo de forma lúdica.
Hans
Fischerkoesen produziu então, junto com Horst von Möllendorf, que
era cartunista de um jornal de Berlim, três animações que ficaram
conhecidas como suas produções mais importantes e mais
sofisticadas.
"Weather-beaten
Melody" (1942) conta a história de uma vespa que descobre uma
vitrola antiga e consegue fazê-la funcionar com ajuda de seu ferrão.
O filme tem como intenção mostrar a bravura da vespa - que também
tem características humanas como espírito aventureiro, competência
e esperteza. Era uma tentativa nazista de reforçar alguns ideais de
comportamento e conduta.
Em "The
Snowman" (1943), o protagonista (um boneco de neve) decide se
esconder em um freezer para esperar por temperaturas melhores. Quando
ele sai, no mês de julho, ele acaba derretendo. Muitos personagens
do filme são retratados na forma de animais (um coelho, um cachorro,
uma joaninha), mas são, na verdade, exemplos de personagens humanos
que seriam metáforas dos nazistas.
E na
trama de "The Silly Goose" (1944) um ganso bobo vai para
além de suas fronteiras e encontra uma raposa. A raposa, esperta,
que explora os outros animais e os trata como escravos, em um momento
é relacionada ao povo judeu. Mas, na verdade, faz muito mais sentido
a comparação da atitude dela com a dos nazistas, que exploravam os
prisioneiros nos campos de concentração.
Todos os
filmes eram mudos, não tinham diálogo algum. O objetivo de Hitler
era que eles atingissem também o público do leste europeu.
Acredita-se que os filmes continham mensagens subversivas e
subliminares que na realidade mostravam uma resistência ao nazismo
(por exemplo, na música proibida - o jaza - de "Weather-beaten
Melody", na ansiedade por dias melhores de "The Snowman"
e na conduta insubordinada do ganso em "The Silly Goose").
Com a
derrota da Alemanha na Segunda Guerra, Hans Fischerkoesen foi preso
em um campo de concentração como colaborador do nazismo. No
entanto, ele manteve a criatividade mesmo nessa situação,
desenhando retratos dos soldados soviéticos que conviviam com ele. O
cineasta acabou sendo solto e voltando a trabalhar em seu país como
publicitário.
Fonte
site Yahoo! Contributor Network
Abaixo,
veja os links para os filmes:
The
Snowman (1944)
Weather-Beaten
Melody (1942)
Das Dumme
Gänslein (1944)
* * *
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