Mansão Matarazzo |
Foi um
choque quando, em visita ao Rio de Janeiro, constatei que o casarão
onde fiz o ginásio havia sido abduzido para dar endereço a um
supermercado. Lembrei imediatamente das mangueiras frondosas, das
escadarias de madeira, do anfiteatro com pinturas no teto.
Era o
departamento feminino do Instituto La-Fayette. Situado na Rua Conde
de Bonfim, na Tijuca. Não era um belo palacete qualquer. Foi uma das
residências do duque de Caxias (1803-1880), primeiro patrono do
Exército Brasileiro. Personagem que, a gente gostando ou não, faz
parte da história do país.
Penso que
o casarão do La-Fayette poderia ter se tornado um Centro Cultural
para uso e fruição dos cariocas e dos bem-aventurados turistas.
Suas salas e salões teriam se prestado muito bem a oficinas para
descobrir e aperfeiçoar talentos. Juntaria duas dádivas: patrimônio
histórico e capital humano.
Demolição da Mansão Matarazzo |
Em Sampa,
há outro exemplo dramático de demolição que fere a alma urbana de
paulistanos e paulistas. Machuca também o orgulho fabril de muita
gente. Trata-se da Mansão Matarazzo na Avenida Paulista, esquina com
a Pamplona.
O conde
Francesco Matarazzo (1854-1937), seu mais ilustre proprietário, está
diretamente relacionado com a atividade industrial no Brasil.
Gostando ou não do personagem, ele é referência na cultura do
empreendedorismo brasileiro.
Indo ao
ponto: a mansão foi ao chão dando terreno para um futuro shopping.
Quem passa hoje pela Paulista avista tapumes e imensos guindastes.
Mais uma vez, poderia ter sido diferente. O belíssimo casarão teria
se prestado perfeitamente a um Museu, ou Centro Cultural para a
educação coletiva.
Os
brasileiros parecem unânimes em reconhecer que a educação é um
bom caminho para o bem-estar e a não violência na sociedade. Então
deveríamos pressionar as autoridades para levarem mais a sério a
transformação de locais históricos em espaços para todos.
Afinal,
educação vai muito além de salas de aula, escolas, universidades,
Enem, vestibulares. Ela está em todo lugar. Pode ser encontrada na
esquina da sua rua, no centro ou periferia da sua cidade. Educação
também come na mão da memória.
Texto de
Fernanda Pompeu | Mente Aberta
Demolição da Mansão Matarazzo |
2 comentários:
E assim vai acabando a memória nacional. Somos já um país de lembranças bem curtas e a coisa tende a piorar.
Suas postagens são espetaculares.
Quando passei na Avenida Paulista e não vi mais o casarão, fiquei chocada!
Sua postagem é de dor e esperança em dias melhores.
Beijos
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