O
governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, voltou atrás na
decisão de demolir o prédio do antigo Museu do Índio, no Maracanã,
na zona norte da cidade. Cabral confirmou nesta segunda-feira que
trabalhará para o tombamento e restauro do prédio, construído em
1862. No último sábado (26), a Defensoria Pública do estado
conseguiu uma liminar no Tribunal de Justiça do Rio impedindo a
demolição do prédio e estipulando uma multa de R$ 60 milhões caso
o governo descumprisse a decisão.
O plano
inicial do governador era demolir o prédio para construir uma área
de estacionamento e um centro de compras anexo ao complexo do
Maracanã. O espaço seria cedido à iniciativa privada, que
administrará o estádio após a Copa do Mundo de 2014. Sérgio
Cabral chegou a alegar que a Fifa havia exigido a demolição do
espaço para garantir a mobilidade dos torcedores no acesso aos
jogos, o que foi negado pela entidade.
O prédio
é ocupado desde 2006 por 23 famílias indígenas que desejam
transformar o espaço em um centro cultural. O edifício foi
destinado à causa indígena desde 1865, quando foi sede do Serviço
de Proteção ao Índio (SPI)', órgão que deu origem à Funai. No
local também funcionaram escritórios do Marechal Rondon e Darcy
Ribeiro, personalidades políticas ligadas à questão indígena.
Ribeiro transformou o espaço, em 1953, em museu, que posteriormente,
em 1978, foi transferido para um casarão em Botafogo, na zona sul.
Desde então o prédio foi abandonado.
Apesar do
valor histórico e cultural para os povos indígenas, o prédio não
era tombado pelos órgãos municipal, estadual ou federal de
preservação do patrimônio. Nos últimos meses, após o anúncio do
projeto de demolição do prédio, os órgãos emitiram pareceres
contrários à decisão e favoráveis ao tombamento. Apesar dos
pareceres, o governo do Rio manteve o projeto de demolição, o que
gerou polêmica entre ativistas da questão indígena.
Na última
semana, a ministra da Cultura, Marta Suplicy, ligou para o governador
e sugeriu que o prédio não fosse demolido em função de um parecer
do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
O parecer considerava que o prédio tinha valor histórico não
apenas pelas características arquitetônicas mas também pelo valor
cultural para a identidade indígena.
Fonte
Site Estadão
2 comentários:
Isso mostra o quanto o governo do Rio de Janeiro se preocupa com a história, e muito menos com a causa indígena. Excelente relato!
Abraço
Finalmente uma boa notícia para o patrimônio histórico nacional.
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