Entre as
três promessas que a presidente fez em cadeia nacional, a
contratação de profissionais estrangeiros para a saúde pública
ficou fora de tom
A presidente Dilma Rousseff pisou numa casca de
banana no pronunciamento que fez ao povo brasileiro na noite dessa
sexta-feira: prometeu “trazer de imediato milhares de médicos do
exterior para ampliar o atendimento do SUS (Sistema Único de
Saúde)”.
Outras
duas propostas concretas foram feitas por Dilma, no âmbito de um
“grande pacto em torno da melhoria dos serviços públicos”:
elaborar um plano nacional de mobilidade urbana e destinar todo o
dinheiro dos royalties do pré-sal para a educação.
Nenhuma
das duas atrai oposição encarniçada. Mas não é o que ocorre com
a ideia de importar médicos estrangeiros. A ideia é bombardeada
pela classe médica – e não só por ela.
O
propósito de trazer 6 000 médicos cubanos para atuar em áreas
carentes de mão de obra, como as regiões norte e nordeste, foi
anunciado em maio pelo ministro das Relações Exteriores, Antonio
Patriota. Ela é motivada por razões ideológicas – a afinidade do
PT com a ditadura dos irmãos Castro – e não pela qualidade da
formação dos médicos cubanos. Embora produza médicos em
proporções industriais, a medicina de Cuba é uma das mais
atrasadas do mundo. Como mostrou reportagem de VEJA publicada em 15
de maio, “a incompetência dos médicos de Cuba já foi atestada no
Brasil. Nos últimos dois anos apenas 5% dos médicos com diploma
cubano que vieram para o Brasil passaram na prova do Revalida, criada
pelo governo brasileiro para que formandos no exterior comprovem sua
aptidão”.
Diante da
resistência despertada pela proposta, o ministro Alexandre Padilha
declarou em junho que o governo faria convênios, também, com
Portugal e Espanha. Não bastou para arrefecer as críticas. O
presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Roberto Luiz
d’Ávila, por exemplo, atacou duramente Padilha dizendo que a
medida era eleitoreira – o ministro é cotado para disputar o
governo de São Paulo.
Num
discurso que pretendia unir os brasileiros em torno de causas
incontroversas, a ideia dos médicos importados surgiu como um corpo
estranho, tendo o defeito adicional de ser um paliativo duvidoso e
não uma solução estrutural para um dos problemas que mais afligem
o brasileiro, a qualidade do atendimento público de saúde.
Fonte
site revista Veja
Nenhum comentário:
Postar um comentário