Encontro comigo mesmo


Celestial visão de mim mesmo,
introspecção acanhada
mas vivamente decidida
a expor entranhas espirituais,
estrelas respingantes pelo chão
de todo este meu vasto ser.

É o tempo da vida que passa
e roça naqueles monte tão altos
que é o dedo que cutuca
a divindade em seu sagrado
descanso de homens, mulheres
e outros projetos ainda inacabados.

Mas faz-se silencio soturno
e na beira da mata
ao cair da tarde,
achegam-se felinos imensos
para bebericar do liquido sagrado
e de quebra lambiscar distraídos.

Por isso devemos guardar
atenção nos rochedos
que nos cercam
e pelos quais não podemos passar,
mas temos o dom da sabedoria
de saber contornar e encontrar o nada.

Adriano Curado

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